Animal (ir)racional
«Eis um tema melindroso: a intenção é o Animal e a tentação descai para o Homem. Sem ofensa para os Bichos, a quem a Natureza conferiu o privilégio da irracionalidade, poupando-lhes angústias existenciais, premiando-os com a virtude da simples fruição da vida. E olho, constrangido, para a capa desta Egoísta: preocupa-me aquele macaco, entronizado em cadeirão de executivo, ancestral desavisado de que o escasso punhado de neurónios que, de nós, o aparta é, afinal, a fronteira libertária do seu gosto em existir. Como se a vida – sobretudo a irracional – fosse o berço de um ensinamento instintivo, qual sabedoria táctil, alheia à inteligência, imune à ambição. Uma sabedoria capaz de ensinar ao animal a dosagem do esforço certo na medida exacta das suas necessidades. Algo que o ser humano, forjado na displicência, moldado na insatisfação, nunca logrou aprender». Assim começa o extenso mas delicioso editorial de Mário Assis Ferreira, na Egoísta de Março de 2011, já nas bancas.
1 comentário:
Maravilhosa é essa virtude de simples fruição da vida, o que para nós, apesar da necessidade é um bem quase proibido e usufruido por poucos. bjs
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