«Escrever uma carta é um meio de chegar a algum lugar sem mover nada, a não ser o espírito e – às vezes – o coração.
Não é, seguramente, a viagem mais expedita: no mundo em que vivemos, a imagem televisiva, a oralidade de um telemóvel tendem a subjugar o apego epistolar e o que para a escrita resta esvai-se, deteriorado, em truncadas mensagens de “SMS”, na fria impessoalidade de "emails”, na imprudente devassa do “Facebook”.
Mas são escritos insensíveis, despojados de humanidade: anulam a caligrafia, maculam a ortografia, disfarçam a personalidade.
São, enfim, produtos massificados que nos transformam em incautos consumidores, sem filtro emocional para escrutinar intenções.
Só uma carta manuscrita pode transportar a mancha de uma lágrima, o odor de uma tinta perfumada, o hesitante vestígio de uma palavra corrigida, a marca de um anseio que nos escapa da alma e escorre pelo papel para ganhar vida própria só entre dois partilhada.
E assim como as chaves abrem cofres, as cartas podem abrir corações.
…
Serei, talvez uma espécie em vias de extinção…
Mas é assim que sou, sem tentações de mudar!
Esse é um privilégio de que me reservo para os Amigos, para Aqueles que me são queridos e, nesta edição, para os Leitores da Egoísta.
Porque, tal como Fernando Pessoa, “a minha Pátria é a língua portuguesa”.
E eu recuso-me a ser apátrida!»
(Excertos do Editorial de Mário Assis Ferreira)
Já está nas bancas.
Sem comentários:
Enviar um comentário