quinta-feira, 19 de abril de 2012

Egoísta - Março 2012

Cartas

«Escrever uma carta é um meio de chegar a algum lugar sem mover nada, a não ser o espírito e – às vezes – o coração.

Não é, seguramente, a viagem mais expedita: no mundo em que vivemos, a imagem televisiva, a oralidade de um telemóvel tendem a subjugar o apego epistolar e o que para a escrita resta esvai-se, deteriorado, em truncadas mensagens de “SMS”, na fria impessoalidade de "emails”, na imprudente devassa do “Facebook.

Mas são escritos insensíveis, despojados de humanidade: anulam a caligrafia, maculam a ortografia, disfarçam a personalidade.

São, enfim, produtos massificados que nos transformam em incautos consumidores, sem filtro emocional para escrutinar intenções.

Só uma carta manuscrita pode transportar a mancha de uma lágrima, o odor de uma tinta perfumada, o hesitante vestígio de uma palavra corrigida, a marca de um anseio que nos escapa da alma e escorre pelo papel para ganhar vida própria só entre dois partilhada.

E assim como as chaves abrem cofres, as cartas podem abrir corações.

Serei, talvez uma espécie em vias de extinção…

Mas é assim que sou, sem tentações de mudar!

Esse é um privilégio de que me reservo para os Amigos, para Aqueles que me são queridos e, nesta edição, para os Leitores da Egoísta.

Porque, tal como Fernando Pessoa, “a minha Pátria é a língua portuguesa”.

E eu recuso-me a ser apátrida!»

(Excertos do Editorial de Mário Assis Ferreira)

Já está nas bancas.

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