Natureza e Vida
Em época de reflexão sobre o estado do Planeta e o que todos podemos fazer para o proteger, a edição de Dezembro de 2009 da revista “Egoísta”, que se encontra nas bancas, faz uma abordagem especial sobre a Natureza.
«Há , da Natureza, uma percepção mística e uma visão científica.
A primeira aproxima-nos de Deus; a segunda acerca-nos do Homem.
Mas, em qualquer uma delas, a Natureza confunde-se com a Vida, qual indissociável amálgama em que reside o mistério de existir.
Um mistério ínsito à própria raiz etimológica de Natureza: na sua origem, o vocábulo latino “natura” significa nascimento, acto gerador da Vida.
Até por isso, a Vida nunca chega a pertencer-nos: apenas a fruímos, como dadivoso empréstimo que nos fez a Natureza.
Daí decorre o respeito que, enquanto beneficiários da Vida, devemos à sua concedente, a Natureza. Pois que ao temermos a morte é porque amamos a Vida. E o que se ama nunca é alheio à graça de quem a concede.
Perigoso é que, em insana irreverência, os homens imaginem ter aprendido a dominar a Natureza, antes mesmo de saberem dominar-se a si próprios.
Pois a Natureza não pode ser comandada: apenas influenciada, se for sempre obedecida.
Talvez por isso ela tenda, de amiúde, a fustigar-nos.
Para nos lembrar que o Homem poderia ser o seu mais ideal resumo.
Para nos dizer, enfim, que o Homem é o mais perfeito defeito da Natureza.»
Editorial de Mário Assis Ferreira
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