domingo, 25 de novembro de 2012

Memórias - Viagem a S. Tomé e Príncipe em 2004

 Isabel Nogueira
(Na Quinta da Favorita)
 Casa de estilo colonial na marginal de S. Tomé
Ilhéu das Rolas

S. TOMÉ E PRÍNCIPE
O PARAÍSO EXISTE


Inserida num grupo de empresários portugueses, que se deslocou à República Democrática de S. Tomé e Príncipe, à procura de oportunidades de investimento na África de expressão portuguesa, voei até àquelas ilhas maravilhosas, plantadas no Golfo da Guiné, bem na linha do Equador, expectante da reacção que o regresso ao continente africano me provocaria.

Nascida e criada até aos dezanove anos em Moçambique, a notícia da minha deslocação a S. Tomé, desencadeou em mim um misto de ansiedade e alegria, reflexo do fascínio que África exerceu e exerce sobre as gentes lusas há mais de quinhentos anos.
A correria com os preparativos para a viagem começara; o visto na Embaixada em Lisboa, as vacinas indispensáveis, a consulta do viajante no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, para se iniciar a profilaxia da Malária e o seguro de vida. Ter atenção para não esquecer o repelente de mosquitos, a rede mosquiteira, com cuidados redobrados ao nascer e ao pôr do sol. Na mala levar roupa leve, fresca e de manga comprida. Muitos rebuçados e lápis para oferecer às crianças.
O arquipélago de uma beleza ímpar, é composto por duas ilhas, a principal S. Tomé, que dá o nome à capital com 860 km2 e o Príncipe de 104 Km2 situada a 136 Km a norte e ainda alguns ilhéus desabitados.
Na aproximação ao aeroporto a ilha de S. Tomé vista do ar, emerge de um mar azul Turquesa e ergue-se até às montanhas vulcânicas, cobertas de um verde luxuriante, recortada por praias douradas.
O voo de seis horas foi tranquilo, prenúncio do “leve leve” quotidiano, por aquelas paragens.
À chegada, aguardavam-nos o staff do Presidente da República daquele país africano, visto um dos empresários em viagem ser o seu irmão João Menezes, nosso anfitrião.
Dirigimo-nos então para o Hotel Miramar de quatro estrelas, pela marginal e a nostalgia invadiu-me. De um lado a baía num mar chão a banhar a praia, do outro as casas de estilo colonial, dispostas em linha, ao longo de todo o percurso, marcas da presença portuguesa, reminiscências de um passado comum.
Senti-me em família, completamente em casa. A língua comum, o povo afável e simpático, o mesmo fuso horário, uma temperatura que oscilava entre os 26º /27º c, numa região em que as temperaturas médias ao longo do ano variam entre os 23º e os 30º c.
Depois de nos instalarmos e de nos refrescarmos com um sumo de frutas tropicais, um misto de cajá-manga e ananás, indiscutivelmente delicioso, começamos com a volta de reconhecimento e os dias foram passados , com a visita ao mercado – inesquecível; à casa da cultura instalada num palacete que é uma verdadeira relíquia do século XX, herança colonial; na Quinta da Favorita , residência oficial do Presidente Fradique Menezes, de quem fui hóspede privilegiada a partir do terceiro dia de estada em terras Santomenses; o Club Santana, situado em Santana na zona sul da cidade, um aldeamento turístico, construído num lugar de excepção.
Nunca vi tanto verde, é uma terra fecunda, tudo germina, brota e cresce e na amálgama de árvores daquela densa floresta tropical reconheci palmeiras, coqueiros, cajamangueiras, fruteiras, cacaueiros, árvores do viajante, bananeiras, papaeiras, safueiros, embondeiros e tantas outras, em quantidades inimagináveis. Impressionante. O clima quente e húmido, funciona como uma estufa. Por lá cai chuva serôdia. A fruta é dulcíssima.
Tive o grato prazer de ter como cicerone Lúcia Menezes, mulher do nosso anfitrião e com ela fomos à Praia das Conchas, a norte da cidade, belíssima com uma temperatura da água do mar apetecível, que convidava ao mergulho, ali ficamos de molho uma manhã. Visitamos a Roça Água Izé, vimos a Boca do Inferno e estivemos num lugar mágico - a Cascata de S. Nicolau – a 3000 pés de altitude, transcendente só visto.
Depois, estive no Paraíso. Ele existe, tão perto e por tão pouco – O Ilhéu das Rolas ou Ilha de Gago Coutinho – onde se encontra o marco que assinala a Latitude Zero, a Linha do Equador, que divide o Hemisfério Norte do Hemisfério Sul.
Para lá chegar é uma verdadeira odisseia. Percorrem-se alguns quilómetros por uma estrada sinuosa e estreita que rasga a densa floresta e nela se atravessam, pessoas, carros, camiões, motocicletas, animais como vacas, porcos, cabritos, galinhas, garças e rolas aos bandos, até que se chega a um porto privado onde se encontra uma lancha que nos transporta ao Paraíso. Um Resort de luxo, num lugar onde impera o bom gosto, numa simbiose harmoniosa entre conforto e beleza natural. Paradigma de perfeição.
Algumas horas antes do regresso a casa, sentada informalmente à mesa, enquanto aguardávamos pelo almoço, na Quinta da Favorita, tive a honra de entrevistar Fradique Menezes, Presidente de S. Tomé e Príncipe, para a revista Eles & Elas.

1 comentário:

aamorim disse...

Boa Tarde
Encontrei este blog por mero acaso ao pesquisar sobre artigos relacionados com S. Tomé.
Quero manifestar-lhe a minha admiração pela maneira como descreve esse Paraíso. É dificil escrever melhor sobre S.Tomé.
Parabéns.